Diz o Catecismo da Igreja Católica :
1479. – Uma vez que os fiéis defuntos, em vias de
purificação, também são membros da mesma comunhão dos santos, nós podemos
ajudá-los, entre outros modos, obtendo para eles indulgências, de modo que
sejam libertos das penas temporais devidas por seus pecados.
Antes de falarmos das exéquias e do funeral, vem
a propósito, ainda que voltando atrás na ordem dos números do Catecismo da
Igreja Católica, falarmos de alguma coisa para além da morte e assim, vamos
falar do Dia de Finados, o dia 2 de Novembro que é o mês tradicionalmente
dedicado ao sufrágio pelas almas do Purgatório.
Dia de grande Esperança para as Almas do
Purgatório.
O Dia de Finados é o dia escolhido pela Igreja,
(celebra-se a 2 de Novembro) para recordar e orar pelas almas do Purgatório,
convidando toda a Comunidade para este gesto de caridade e de sufrágio.
Esta celebração, a que podemos também chamar esta
Festa, tem as suas origens numa prática começada por Santo Odilio (962-1049),
monge e abade de Cluny em 994.
Os monges de Cluny faziam preces especiais e
cantavam salmos pelos defuntos no dia imediato ao Dia de Todos os Santos.
Como as almas do Purgatório estão já no caminho
certo para o Céu, nós podemos, com as nossas orações, abreviar o seu tempo de
espera e de purificação.
Esta prática de reservar um dia especial e
oficial para sufragar as almas do Purgatório tornou-se popular e divulgou-se
por muitas comunidades católicas da Europa e das Américas Latinas.
No século XV muitos sacerdotes começaram a
celebrar três missas neste dia e este costume tornou-se uma prática habitual da
Igreja de modo que em 1920 o papa Bento XV (1914-1922) permitiu que todos os
sacerdotes celebrassem oficialmente três missas no dia de Fiéis Defuntos (Dia
de Finados), 2 de Novembro, sendo uma por uma intenção especial do celebrante,
a segunda por todas as almas do Purgatório, e a terceira pelas intenções do
papa.
As razões de muitas orações pelos defuntos
começaram por uma superstição popular muito antiga, segundo a qual as pessoas
pensavam que as almas do outro mundo andavam por cá a penar e lhes apareciam.
A Igreja procurou esclarecer devidamente os fiéis
à luz da doutrina teológica e apontando para a parábola do Evangelho do rico
avarento e do pobre Lázaro, segundo a qual:
- “Entre nós e vós foi estabelecido um grande abismo(
... ) Têm Moisés e os profetas; que os oiçam(... ) Se não dão ouvidos a Moisés
e aos Profetas, tão pouco se deixarão convencer se alguém ressuscitar de entre
os mortos”. (Lc.16,26-31).
Ainda hoje o costume de celebrar três missas no
Dia de Finados, tornado oficial em 1920, é prática comum da Igreja, que
escolheu as leituras próprias para estas Missas e compôs as respectivas orações
numa linha de amor de Deus por nós, alimentando a nossa esperança de salvação
eterna.
Nos ritos fúnebres por seus filhos, celebra a
Igreja com fé o Mistério pascal, na firme esperança de que os que se tornaram,
pelo Baptismo, membros de Cristo morto e Ressuscitado, passem com Ele através
da morte à vida.
É necessário, porém, que a sua alma seja
purificada, antes de ser recebida no Céu com os santos e os eleitos, enquanto o
corpo espera a bem-aventurada vinda de Cristo e a ressurreição final.
PENAS DO PECADO
A Pena Temporal, bem como a Pena Eterna devidas
ao pecado e o seu respectivo perdão, estão esclarecidas no Catecismo da Igreja
Católica :
1472. - Para compreender esta doutrina e esta
prática da Igreja, deve ter-se presente que o pecado tem dupla consequência. O
pecado grave priva-nos da comunhão com Deus, e portanto torna-nos incapazes da
vida eterna, cuja privação se chama "pena eterna" do pecado. Por
outro lado, todo o pecado, mesmo venial, traz consigo um apego desordenado às
criaturas, o qual tem de ser purificado, quer nesta vida quer depois da morte,
no estado que se chama Purgatório. Esta purificação liberta do que se chama a
"pena temporal" do pecado. As duas penas não devem ser consideradas
como uma espécie de vingança, infligida por Deus, do exterior, mas como algo
decorrente da própria natureza do pecado. Uma conversão procedente do fervor da
caridade pode chegar à total purificação do pecador, de modo que nenhuma pena
subsista.
1473. - O perdão do pecado e o restabelecimento
da comunhão com Deus trazem consigo a abolição das penas eternas do pecado. Mas
subsistem as penas temporais. O cristão deve esforçar-se por aceitar como uma
graça estas penas temporais do pecado, suportando pacientemente os sofrimentos
e as provações de toda a espécie e, chegada a hora, enfrentando serenamente a
morte; deve esforçar-se através de obras de misericórdia e de caridade, bem como
pela oração e pelas diferentes práticas da penitência, e despojar-se
completamente do "homem velho" e revestir-se do "homem
novo".
A oração pelos defuntos é uma tradição da Igreja.
De facto subsiste no homem, mesmo quando morre em
estado de graça, muita imperfeição.
Para essa imperfeição, existe, portanto, o
Purgatório, lugar de purificação.
É um costume muito popular e muito antigo, neste
dia, a começar já na véspera, fazerem-se visitas aos cemitérios, numa
recordação mais ao vivo das almas cujos corpos ali foram sepultados.
O melhor que podemos oferecer pelas
Almas do Purgatório é a Santa Missa.
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